Nesta página colocar-se-ão algumas informações necessárias para se perceberem as crónicas referidas, para se perceberem algumas das referências feitas.
Nunca esquecendo que o que nos faz falta para perceber muitas crónicas está muito para além do nosso domínio vocabular do português. O que nos faz falta é possuir uma vasta cultura geral, é estar a par da atualidade em que o cronista escreve. |
Explicação das
referências da autoentrevista de Ricardo Araújo Pereira
Introdução
|
·
“segunda metade do terceiro trimestre da primeira
década deste [XXI] século.”
·
“Visão”
·
“programa na TSF”
·
TVI24
·
“uma rubrica diária na Rádio Comercial”
·
TVI
|
·
entre 2006 e 2010
·
revista semanal de maior tiragem em Portugal
·
programa no canal de rádio português TSF
·
canal televisivo português especializado na
informação
·
a rubrica é a secção regular de um programa, neste
caso RAP refere-se à rubrica “Mixórdia de Temáticas”
·
canal televisivo português generalista
|
Questão
1
|
·
“as autoentrevistas tendem a redundar no mais
aborrecido cabotinismo?”
|
·
as entrevistas feitas por uma pessoa a si mesma
acabam por se tornar numa entediante maneira fingida de adquirir fama, de
autopromoção
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Questão
2
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ø
|
ø
|
Questão
3
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·
PIB
·
Bangladesh
·
per capita
|
·
Produto interno bruto
·
País asiático que faz fronteira com a Índia
·
Locução latina que significa “por cabeça”, “para
cada indivíduo”, “por pessoa”
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Questão
4
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ø
|
ø
|
Questão
5
|
ø
|
ø
|
Questão
6
|
·
luxúria
|
·
desejo de prazeres sensuais ou sexuais; segundo a
doutrina cristã, um dos sete pecados capitais
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Questão
7
|
·
Miss Universo
·
Zhdanov
·
Goebbels
·
o fim da escravatura
·
a rábula
·
vaudeville
·
conquista do direito de voto feminino
·
fim da Segunda Guerra Mundial
|
·
Concurso internacional para eleger a mais bela
mulher do mundo
·
Político russo (1896-1948), apoiante de Estaline,
pôs em prática uma política agressiva anticapitalista opondo-se às políticas
económicas do ocidente e ao Plano Marshall. Foi ele que lançou as bases da
Guerra Fria. Desempenhou um papel importante na política cultural da URSS
controlando toda e qualquer produção artística (literatura, cinema, música,
pintura), levando ao desespero os maiores artistas soviéticos, a arte
apaga-se perante a exaltação e a construção do socialismo.
·
Goebbels (1897-1945), próximo de Hitler, foi um
dos mais poderosos dirigentes do 3º Reich onde foi Ministro da Educação do
povo e da Propaganda. O seu nome ficou para sempre associado ao uso das
técnicas modernas da manipulação de massas e de demagogia que permitiram a
difusão da propaganda nos estados totalitários. Antissemita e anticristão
feroz, sucedeu a Hitler mas vai suicidar-se com a mulher depois desta ter
envenenado os seis filhos de ambos.
·
1869 é a data em que por Decreto se aboliu a
escravatura em Portugal e todo o império português. Por lei, a escravatura
foi extinta em todo o mundo, o último país a abolir a escravatura foi a
Mauritânia em 1981. Mas a escravatura continua a existir em muitos países
porque as leis não são aplicadas. Foram feitas pela pressão feita de outros
países e da ONU mas não representam a vontade do governo do respetivo país.
·
uma rábula é uma curta peça teatral, um sketch.
·
Comédia leve e musicada; espetáculo de variedades.
·
Um pouco por todo o mundo foi difícil às mulheres
acederem ao direito de voto e esse acesso esteve marcado por muita luta.
Temia-se que as mulheres não soubessem pensar por si mesmas. Portugal não
foge à regra. Ocorre o seguinte, em princípios do século XX, que de facto
mais parece ser o começo de um sketch: A
28 de Maio de 1911,Carolina Beatriz Ângelo, médica, viúva e “chefe de
família”, aproveitando um lapso do legislador, participou nas eleições para a
Assembleia Constituinte. A lei em vigor referia que podiam votar os
"cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e escrever
e fossem chefes de família". Carolina Beatriz Ângela invocou a sua
qualidade de chefe de família alfabetizada. Claro que logo os
legisladores masculinos tratarão de corrigir a lei e esse tipo de correções
está longe de ser específico de Portugal.
·
A rendição do Japão significou o fim da Segunda
Guerra Mundial. Os ataques nucleares de Hiroshima e Nagasaki e as diferentes
derrotas militares sofridas pelos japoneses (no final da guerra são um país verdadeiramente
“entalado” entre os EUA e a URSS) tornam inevitável a rendição nipónica.
|
Questão
8
|
·
Chaplin
·
Grouxo Marx
·
Woody Allen
|
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Questão
9
|
ø
|
ø
|
Questão
10
|
·
“a coadoção”
|
|
Questão
11
|
ø
|
ø
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DOIS TIPOS DE HUMOR (2 grandes escolas
de comédia)
Escola
da Miss Universo
|
Escola
do anti-humor
|
·
humoristas que desejam um mundo muito lindo
·
[os que] pretendem endireitar o mundo através das
piadas
·
as piadas devem ter uma utilidade prática
·
as piadas devem servir um objetivo considerado
importante por um pequeno Zhdanov ou Goebbels
·
há que educar as pessoas
·
há que dar lições de moral às pessoas
·
há que aplicar às pessoas o corretivo que merecem
·
este humor está bem documentado historicamente:
a)
a piada que acabou com a escravatura
b)
a rábula de vaudeville que deu direito de voto às
mulheres
c)
o programa cómico que determinou o fim da Segunda
Guerra Mundial
|
·
o que tem graça é não ter graça
·
o riso é parvoíce
·
Chaplin, Groucho Marx e Woody Allen estavam a ver
mal as coisas [eles quiseram provocar o riso]
·
Esforço para não se fazer piadas
|
- Na questão 2
explica-se por que motivo esta autoentrevista não se vai tornar ridícula.
Explica-o usando as tuas próprias palavras.
→ Porque se trata de um
ridículo intencional e devidamente explicado (“depois de termos feito esta
desconstrução”) no início da entrevista.
- Na questão 5, RAP afirma ser “forte no jogo aéreo e
nas desmarcações, e tenho alguma facilidade em jogar de costas para a baliza,
embora me falte capacidade de explosão.” Explica o que pode fazer sorrir o
leitor nesta resposta.
→ RAP não esconde de
ninguém ser sócio do Benfica e fã de futebol, podemos por isso imaginar que
esteja a referir-se às suas aptidões para jogar a este jogo. Se admite ser
“forte no jogo aéreo” talvez nos queira dizer que é bom a jogar com a cabeça;
ser bom marcador é uma coisa, mas RAP anula-se como bom marcador dizendo que
desmarca é bem (algo que não existe no futebol); ter facilidade em jogar de
costas para a baliza faz dele um bom guarda-redes; por fim, quanto à falta de
“capacidade de explosão” talvez queira referir alguma falta de jeito para
concluir boas jogadas, bons lances. Resumindo e concluindo, consegue criar no
leitor a ideia de que não é um bom jogador de futebol.
- Na questão 6,
por que motivo RAP não pode considerar a luxúria como um dos seus defeitos?
→ Com esta afirmação “Gostava muito de juntar a
luxúria, mas não pratico tanto quanto desejaria.”, RAP “confessa” que não tem
uma vida sexual assim tão ativa que permita considerar a luxúria um defeito.
- Na questão 7, RAP refere a piada que acabou com a
escravatura. Qual é essa piada?
→ Legalmente a
escravatura foi abolida em todo o mundo, o problema é que na realidade há ainda
muitos escravos. As leis podem pois ser vistas como verdadeiras piadas, porque
nada significam e ainda há governos que as ignoram e não as aplicam. Se
quisermos focar o caso português a formulação de RAP também faz sentido já que
quando o Marquês de Pombal no século XVIII aboliu a escravatura em Portugal e
nas colónias da Índia a mesma escravatura continuava paradoxalmente a existir
nas colónias africanas e americanas (os negreiros continuavam a realizar o
comércio com os negros).
- Na questão 7, RAP compara o que deu o direito de voto às
mulheres com uma rábula de vaudeville. Explica por palavras tuas essa metáfora.
→ O direito de voto
feminino foi conquistado com dificuldade em todos os países. As mulheres sempre
combateram para alcançar esse direito que obtiveram tarde demais (relativamente
aos homens). O primeiro país a acordar o direito de voto às mulheres foi a Nova
Zelândia em 1893. Podemos supor que Ricardo Araújo Pereira compara essa luta a
uma rábula de vaudeville com o intuito de sublinhar o aspeto cómico e ridículo
desta última: sendo as mulheres iguais aos homens não deixa de ser ridículo que
não tenham acedido ao direito de voto na mesma altura. A ironia que atravessa
todo o texto encontra-se também nesta metáfora: uma luta violenta que chegou a
levar várias ativistas feministas para a prisão (outras, como Emily Davison,
conheceram mesmo a tortura) não tem nada a ver com uma cena de entretenimento cómico
própria das rábulas de vaudeville. (baseado na resposta de MR)
- Na questão 7, RAP refere o programa cómico que determinou
o fim da Segunda Guerra Mundial. Que ‘programa cómico’ foi este?
→ RAP pode estar a
referir-se às bombas atómicas que os estadunidenses largaram em Hiroshima e
Nagasaki. O facto das bombas terem sido largadas é horrível e inacreditável,
encará-las como um programa cómico pode ser uma forma do entrevistado ridicularizar
a sua ocorrência. Estas bombas são a tal documentação histórica - referida por
RAP momentos antes na entrevista – de um humor que pertence à escola da Miss
Universo, um humor feito por humoristas que desejam um mundo muito lindo, um
“educar as pessoas, dar-lhes lições de moral”.
- Na questão 10,
explica a ironia presente na resposta de RAP quanto à coadoção.
→ RAP aceita a coadoção
para todos os casais exceto para os casais que incluam parlamentares, e di-lo
numa altura em que se discute a possibilidade de coadoção por casais
homossexuais. Esperar-se-ia que se referisse a esses casais (pois a polémica
gerou-se em torno deles) e RAP desvia-se do óbvio aproveitando para criticar os
parlamentares que qualifica como pessoas instáveis por aprovarem e chumbarem a
mesma lei num espaço de tempo relativamente curto. Ao afastar-se dos casais
“polémicos” mostra talvez a sua posição sobre a coadoção por casais do mesmo
sexo: esses não são visivelmente um problema, apenas os parlamentares.
- Na questão 11,
onde reside o cómico?
→ Costuma-se fazer a
pergunta “o que levaria para uma ilha deserta?” e RAP opta por formular a questão
com a expressão “ilha habitada” que, como não é habitual, pode passar
despercebida ao leitor. Por via das dúvidas, RAP responde usando a expressão
habitual “ilha deserta” que, ao lado do tigre, obriga o leitor mais distraído a
corrigir uma interpretação apressada que eventualmente tenha feito.
***
isca
nome
feminino
1.
|
substância
que se põe no anzol para engodo dos peixes
|
2.
|
matéria
combustível que se inflama com as faíscas do fuzil
|
3.
|
CULINÁRIA
fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme
|
4.
|
CULINÁRIA
fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola
|
5.
|
pequeno
bocado
|
6. |
figurado
atrativo; chamariz
|
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
isca
nome feminino
1. | substância que se põe no anzol para engodo dos peixes |
2. | matéria combustível que se inflama com as faíscas do fuzil |
3. | CULINÁRIA fritura feita com tiras de bacalhau envolvidas em polme |
4. | CULINÁRIA fatia fina de fígado, temperada e frita, servida com molho de cebola |
5. | pequeno bocado |
6. | figurado atrativo; chamariz |
(Do latim esca-, «idem»)
iscas In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-12-10].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/iscas>.
b) "a rapaziada do desporto, há que dar-lhes o desconto..." (a título de exemplo escute-se o ex-futebolista Paulo Futre a falar):
c) Pedro
c) "um filme de Almodovar, Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos" [1988]
Pedro Almodovar
é o realizador espanhol de renome internacional deste filme
cujo excerto podem ver a seguir:
Muito inteligente a auto-entrevista de Ricardo Araújo Pereira e não deixa de ser uma sátira, pois como disse João Aguiar no texto "Eles que", quando assistimos entrevistas dos famosos, as perguntas por vezes são ridículas.
ResponderExcluirMariana Neves