La femme qui tua les poissons, baseado na obra A DESCOBERTA DO MUNDO de Clarice lispector (15-11-2013, Saint-Quentin-en-Yvelines)

Bruno Bayen adaptou e encenou este espetáculo cuja representação ficou a cargo da atriz Emmanuelle Lafon e Vladimir Kudryavtsev.

O título do espetáculo é o título de um conto infantil de Clarice Lispector:

Bruno Bayen faz uma montagem de crónicas retiradas do livro

Neste livro encontramos 600 páginas de crónicas. Bruno Bayen escolheu as crónicas mais concretas, as mais sociais, as sequências onde Clarice Lispector fala sobre o mundo. As crónicas de Clarice Lispector reunidas neste livro foram publicadas durante 6 anos, entre 1967 e 1973 no Jornal do Brasil (um diário carioca). Nos seus textos, Clarice parte de minúsculos detalhes que põe em destaque fazendo desabrochar uma realidade inesperada. Apesar de terem sido escritas sob a ditadura militar brasileira, Clarice não aborda nas suas crónicas a atualidade política sobre a qual não dá a sua opinião (isso não lhe interessa). Segundo a autora brasileira, estas crónicas são pedaços de conversa com os leitores onde a escritora lhes "vende" uma parte da sua alma. A liberdade de tom presente nestes textos surpreende. A coletânea de crónicas é vista como um tratado de arte de viver no sentido mais literal da expressão. Caracteriza-as não só uma oralidade singular (que atraiu o encenador da peça que dá título a esta postagem)

«O que mais me tocou nestes textos  de Clarice Lispector foi exatamente o facto dela escrever como se estivesse a conversar. No fundo, é quase um texto radiofónico.» (Bruno Bayen)

como também o constante diálogo com o leitor. O jornal francês Le Monde (20-9-2012) refere que

«Com ela, as banalidades da vida recuperam todo o mistério, a estranheza, as zonas obscuras.»

Bruno Bayen escolheu uma atriz para o seu espetáculo para assim pôr em destaque a conversa com o leitor, característica que mais o interpela nos textos de Clarice Lispector.