terça-feira, 19 de novembro de 2019

José Mário Branco (1942-2019) - um músico português de intervenção

in https://s2.qwant.com/thumbr/0x380/4/5/db9a1eed93697286a1b93375f028905d9961698d7a85c7728e11c568f9fe68/Jose_Mario_Branco.jpg?u=http%3A%2F%2F2.bp.blogspot.com%2F-9Z0Cdisn8QY%2FUg90b2tAjeI%2FAAAAAAAAAUg%2FPPalT7jIB2k%2Fs1600%2FJose_Mario_Branco.jpg&q=0&b=1&p=0&a=1, 19-11-2019


Eu vim de longe, eu vou para longe

do disco “Ser solidário” (LP 1982)

Letra

Quando o avião aqui chegou
Quando o mês de maio começou
Eu olhei para ti
E então eu entendi
Foi um sonho mau que já passou
Foi um mau bocado que acabou

Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha na outra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos que cantei
Foram frutos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então eu entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou

Tinha esta viola numa mão
Coisas começadas noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a espingarda se virou
Foi pra esta força que apontou

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
Pra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
E então eu entendi
É um lindo sonho pra viver
Quando toda a gente assim quiser

Tenho esta viola numa mão
Tenho a minha vida na outra mão
Tenho um grande amor
Marcado pela dor
E sempre que Abril aqui passar
Dou-lhe este farnel pró ajudar

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei pra aqui chegar
Eu vou p´ra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

E agora eu olho à minha volta
Vejo tanta raiva andar à solta
Que já não hesito
E os hinos que repito
São a parte que eu posso prever
Do que a minha gente vai fazer

Eu vim de longe
De muito longe
O que eu andei prá aqui chegar
Eu vou pra longe
P´ra muito longe
Onde nos vamos encontrar
Com o que temos pra nos dar

Letra, música e arranjo de José Mário Branco.
Produção de José Mário Branco e Trindade Santos.
Colaboram: António Chaínho, Fernando Júdice, Júlio Pereira, Pedro Luís, Pedro Wallenstein, Rui Cardoso, Trindade Santos e Zé da Cadela.

José Mário Branco - uma biografia

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José Mário Branco
Informação geral
Nome completo José Mário Monteiro Guedes Branco
Nascimento 25 de maio de 1942
Origem Porto
País Portugal Portugal
Morte 19 de novembro de 2019 (77 anos)
Género(s) Música de intervenção, Música popular portuguesa
Instrumento(s) vocal, guitarra acústica, teclados
Período em atividade 1963–2019 




José Mário Monteiro Guedes Branco, mais conhecido como José Mário Branco[1] (Porto, 25 de maio de 1942 - 19 de novembro de 2019), foi um músico e compositor (cf. cantautor) português.
Filho de professores primários, cresceu entre o Porto e Leça da Palmeira, sendo marcado pelo ambiente luzidio e inspirador desta vila piscatória. Iniciou o curso de História, primeiro na Universidade de Coimbra, depois na Universidade do Porto, não o tendo terminado. Expoente da música de intervenção portuguesa, começou por ser ativo na Igreja Católica. Depois aderiu ao Partido Comunista Português e foi perseguido pela PIDE, até se exilar em França, em 1963. Em 1974 regressou a Portugal e fundou o Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta!, com o qual gravou dois álbuns.
Como interveniente em concertos ou álbuns editados, como cantautor e/ou como responsável pelos arranjos musicais, José Mário Branco é autor de uma obra singular no panorama musical português. Entre música de intervenção, fado e outras, são obras famosas os discos Ser solidário, Margem de Certa Maneira, A noite, e o emblemático FMI, obra síntese do movimento revolucionário português com seus sonhos e desencantos. Esta última foi proibida pelo próprio José Mário Branco de passar em qualquer rádio, TV ou outro tipo de exibição pública.[2] Não obstante este facto, FMI será, provavelmente, a sua obra mais conhecida. O seu álbum mais recente, lançado em 2004, intitula-se Resistir é Vencer em homenagem ao povo timorense que resistiu durante décadas à ocupação pelas forças da Indonésia logo após o 25 de Abril. O ideário socialista está expresso em muitas das suas letras.
Trabalhou com diversos outros artistas de relevo da música de intervenção e outros géneros, nomeadamente José Afonso, Sérgio Godinho, Luís Represas, Fausto Bordalo Dias, Janita Salomé, Amélia Muge, Os Gaiteiros de Lisboa e, no âmbito do Fado, Carlos do Carmo e Camané. Do mesmo modo compôs e cantou para o teatro, o cinema e a televisão, tendo sido elemento de A Comuna - Teatro de Pesquisa.
Em 2006, com 64 anos, José Mário Branco iniciou uma licenciatura em Linguística, na Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa. Terminou o 1º ano com média de 19,1 valores, sendo considerado o melhor aluno do seu curso. Desvalorizou a Bolsa de Estudo por Mérito que lhe foi atribuída, dizendo que é «algo normal numa carreira académica».[3]
Em 2009 voltou às atuações públicas com dois concertos intitulados Três Cantos, juntando «referências não só musicais mas também poéticas do que é cantar em português»: José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto.[4]
Morreu, aos 77 anos, de morte súbita.

in https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_M%C3%A1rio_Branco, visitado a 19-11-2019, 19:49.

 ***

Entrevista realizada por António Contador, em Paris, na Fundação Calouste Gulbenkian, a  15 de outubro de 2017 (dois anos antes do seu falecimento) no âmbito do projeto "Artistes portugais à Paris - une histoire orale"



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